CARLOS MARINHO | CresSendo.ON

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1.2. Problemáticas Atendidas:

A minha prática clínica compreende a avaliação e tratamento de diferentes problemáticas geradoras de sofrimento psicológico e/ou condicionantes do funcionamento adequado da pessoa, no número das quais se contam: 

(i) BAIXO REPERTÓRIO DE COMPETÊNCIAS DE AUTOVALORIZAÇÃO [e.g., autoestimaautoconfiança autoeficácia];

(ii) BAIXO REPERTÓRIO DE COMPETÊNCIAS SÓCIO-EMOCIONAIS [e.g., limitações na expressão de pensamentos, sentimentos e opiniões (assertividade); limitações na capacidade de identificar, expressar e regular emoções];

(ii) DIFICULDADES INTERPESSOAIS [e.g., limitações ao nível da interação social, gestão afetiva de conflitos amorosos, conjugais e familiares, experiências de perda/luto];

(iii) PROBLEMÁTICAS DE FORO MENTAL [e.g., perturbações depressivas; perturbações da ansiedade - ataques de pânico, medos e fobias; perturbação obsessivo-compulsiva; experiências traumáticas e fatores de stress; perturbações dissociativas; perturbações do sono; disfunções sexuais; perturbações relacionadas com o consumo de substâncias psicoativas].

"A PSICOLOGIA É PARA OS/AS FRACOS/AS"?

Várias são as crenças erróneas que concorrem para a sustentação deste mito, uma delas expressa na associação exclusiva da psicologia, no seu contexto clínico, à cura de patologias e à caracterização como «profissional da doença mental». Embora várias abordagens tenham tentado distinguir a normalidade psicológica de uma simples variação da normalidade, a satisfação do esforço permanece inconsolável, pois se a insuficiência do critério estatístico necessita que sejam considerados aspetos como a qualidade dos comportamentos observados, definir a anormalidade como ausência de saúde mental encerra-nos num raciocínio tautológico. 

Na CresSendo.On, acreditamos que a patologia é um adoecimento do humanismo - do humanismo que se não permite ser, que se não permite manifestar, que se fecha e se esconde, que se amputa e desfigura. Em socorro das dificuldades em torno deste processo de aceitação de totalidade e autenticidade, a ajuda psicológica centra-se no autoconhecimento, no empoderamento, na autorrealização, e na ressignificação de crenças limitantes, em questões emocionais, cognitivas e comportamentais que precisem de ser revistas e transformadas. 

Por outras palavras, a psicopatologia surge quando a realidade histórica se desvia ou é afastada da escolha originária do 'Eu'. Bloqueada no seu desenvolvimento, a pessoa vive em função de uma identidade que já não corresponde ao seu presente e cada vez mais afastada tanto da sua possibilidade de autoafirmação como da de sentir a existência como realidade, vê-se destituída da capacidade de se projetar no futuro. 

O desafio é então o de perceber até que ponto estamos condicionados/as pela imposição de modelos externos ao nosso próprio 'Eu', que nos seduzem a seguir um caminho que nos desvia da aceitação do que somos, com todas as nossas falhas e imperfeições. Ironicamente, entende-se que é o evitamento que fazemos à nossa própria vulnerabilidade que mais ferozmente contribui para o agravamento dos problemas, inclusivamente, os problemas associados a experiências psicopatológicas. Quando assumimos esta vulnerabilidade, quando a reconhecemos como dimensão inseparável do nosso funcionamento pessoal, o medo de ser-se conotado aos olhos do Outro, e do 'si mesmo', como imperfeito, incapaz ou inapto, é confrontado e através da aceitação, esperançosamente dissolvido. Neste momento, o ser abre-se para um mais profundo reconhecimento da igualdade que o une ao Outro, passando ambos a sintonizar-se na mesma frequência de humanismo.

Representando o audaz compromisso da pessoa com o seu próprio bem-estar, nela evidenciando a capacidade de reconhecer os seus próprios limites, reconhecer a existência de um problema e a responsabilizada necessidade de superá-lo, a procura de ajuda psicológica des-estigmatiza-se da conotação pejorativa inicial para converter-se no privilégio que faz dessa pessoa uma heroína de si mesma. 

Não permita que a sua experiência de sofrimento seja banalizada e rotulada como 'mania', 'disparate', ou 'mera chamada de atenção'. Escute-se e respeite-se. Atuando segundo esta lógica, o psicólogo deve ser visto não como profissional da doença mental, mas como profissional da saúde mental - e o/a cliente como uma pessoa cônscia das suas necessidades, mostrando sinais de desenvolvimento, maturidade, amor-próprio e coragem para alcançar o seu equilíbrio emocional e bem-estar. 


2. PALESTRAS E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO


Ao longo dos anos, tenho tido a grata oportunidade não só de organizar eventos formativos/sensibilizadores (tanto no espaço físico da CresSendo, em Braga/Portugal, como em registo online), mas também de me emparceirar a diferentes entidades (creches, escolas, e grupos/associações) para difundir informação e conhecimento nas áreas da Psicologia, do Desenvolvimento e da Orientação Artística. No número destes eventos conto, com particular gratidão, o programa #SEMFILTROS que desenhei para adolescentes dos 12 aos 16 anos.

#SEMFILTROS - CRESCENDO COM A PSICOLOGIA

O projeto #SEM FILTROS - Crescendo com a Psicologia consiste numa proposta de trabalho integrando atividades que visam promover o autoconhecimento e as competências de autovalorização de adolescentes com idades entre os 12 e os 16 anos. Foi desenhado como forma de zelar pela prevenção do desajustamento pessoal, escolar e social dos jovens, bem como pela otimização da saúde e bem-estar pessoal e relacional.

O projeto #SEM FILTROS reflete e corporiza a necessidade de intervir naquela que considero ser, do ponto de vista do desenvolvimento psicológico, uma das fases mais importantes do ciclo vital: a adolescência. O conceito de adolescência como período evolutivo organiza-se no século XX, entre as duas grandes guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), tratando-se portanto de uma construção cultural relativamente recente, permeável ainda a várias teorizações. Atualmente, é dividida em três fases: a adolescência precoce (dos 10 aos 12 anos), a adolescência média (dos 13 aos 16 anos), e a adolescência tardia (acima dos 17).

Preocupado tanto com a atualidade como com o futuro da nossa sociedade, pretende-se responder, pelo conhecimento, a questões que vêm caracterizando e problematizando este período evolutivo. O objetivo do programa é trabalhar com esta população - usando de momentos reflexivos e atividades lúdico-pedagógicas - algumas competências de autoconhecimento e de autovalorização, como forma de zelar pela prevenção do seu desajustamento pessoal, escolar e social, e velar pela otimização da sua saúde e bem-estar pessoal e relacional.

O #SEM FILTROS entende a adolescência como fase desenvolvimental marcada por intensas modificações biopsicossociais, determinando uma transição entre o mundo da infância e a (tão deseja e temida) vida adulta. É sobre o palco de uma longa moratória que o/a aguarda antes do reconhecimento do seu status de adulto/a, que o/a adolescente deve ser capaz de lidar com muitas perdas para conseguir alguns ganhos. Não raro, estas mudanças acarretam bastante sofrimento psíquico, de onde se perceba que certas correntes da Psicologia a concetualizem como um processo de depressão maturativa.

À capacidade de gerir a perda do corpo infantil, dos pais da infância e da identidade infantil, soma-se a passagem de um mundo endogâmico para o universo exogâmico; a construção de novas identificações assim como de desidentificações; a resignificação das "narrativas" de self; a reelaboração do narcisismo; a reorganização de novas estruturas e estados de mente; a aquisição de novos níveis operacionais de pensamento (do concreto ao abstrato) e de novos níveis de comunicação (do não-verbal ao verbal); a apropriação do novo corpo; a vivência de uma nova etapa do processo de separação-individualização; a construção de novos vínculos com os pais, caracterizados por menor dependência e idealização; a definição da escolha profissional, entre outras - em síntese, a organização da identidade nos seus aspetos sociais, temporais e espaciais.

Focando alguns destes elementos caracterizadores, condensamos o programa em quatro sessões distintas que abordarão, respetivamente: (i) o conceito de adolescência enquanto período pivô do desenvolvimento durante a qual se organiza a construção da identidade e do autoconceito; (ii) a conceção e promoção da autoestima na adolescência (a autoestima refere-se ao pensamento que determina o valor que acreditamos possuir; sabe-se que uma baixa autoestima inibe a relação com o mundo e impede muitas vezes a capacidade de se retirar prazer e gratificação das experiências vitais); (iii) a relação com o corpo, e as dificuldades associadas à experiência e fenomenologia da aparência física (o/a adolescente tem como característica distintiva certos comportamentos de contestação que o/a tornam mais vulnerável, volúvel, seguidor/a de líderes, grupos e modas, desenvolvendo preocupações ligadas ao corpo e à aparência, sentindo-se impelido/a a privilegiar idealizações que trazem sentimentos diminuitivos); e (iv) a autoeficácia (a autoeficácia refere-se à convicção sobre as nossas próprias capacidades, bem-estar e realizações ocupacionais, como realizações escolares e perspetivas de realizações profissionais).

No decurso das atividades, é dada particular atenção aos aspetos sócio-relacionais, uma vez que o processo maturativo se faz no permanente comércio relacional com o Outro, e não se pode ser autónomo/a senão através do estabelecimento de relações positivas com os demais. Perceber e intervir na adolescência como um período de tensão entre dois vetores contrários (o desejo regressivo de voltar à infância e o desejo/medo progressivo de crescer e "ser grande") pressupõe aprendizagens em permanência, particularmente uma que consideramos essencial: a capacidade de amar e de estabelecer e conservar laços afetivos duradouros, imprescindíveis ao bem-estar e felicidade humana.

Na esteira da modernização social, os conteúdos da formação cultural básica começam a ser transmitidos com uma carga afetiva diferente, deficitária, muitas vezes omissa por indisponibilidade de uns e outros - e quanto mais subtil é a expressão do afeto, mais facilmente duvidamos dele; sem uma adesão emocional suficiente aos adultos significativos, o processo de aprendizagem das crianças e jovens vê-se perigosamente condicionado, senão mesmo impossibilitado. 

Espera-se com o #SEM FILTROS incentivar a uma maior consciencialização e disposição otimista para o crescimento saudável, aceitando-o como a um gerúndio de ir sendo, de ir crescendo, na roda a mover-se que não pára que é o ciclo vital.

5. DE PORTUGAL A BARCELONA

Em 'Cartas a Um Jovem Terapeuta', essa obra incontornável de convite à reflexão para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos, Contardo Caligaris refere que a tendência dos/as clientes para se identificarem conosco, psicólogos/as, deve sugerir-nos um imperativo de ferro: sermos nós próprios/as. Explicita o autor, "aja quanto mais perto possível do seu desejo. Não se vista, contenha os seus gestos, module a sua aparência ou iniba a sua vida pública de forma a compor a vinheta de uma normalidade desejável. Ao contrário, comporte-se pública e privadamente como o seu desejo manda". É de ser fiel à minha totalidade, de crer que o 'Eu' não subsiste parcialmente, que se exige inteiro, na sua mais sincera transparência, que mais seguro avancei, desarmado, para este novo capítulo que a vida agora me abriu.

Jung, na sua sabedoria, também adverte o psicólogo, que é o seu próprio instrumento de trabalho: "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Assim é a terapia, sinónimo do nosso próprio processo de individuação: um roteiro de humanidade. Por isso, esta decisão não poderia senão reverter a favor de uma entrega maior e mais coerente com todos/as os/as meus/minhas clientes.

Quem sabe da minha antipatia pelo impossível, quem me conhece e à minha paixão por harmonizar antíteses, que gosto de proporcionar improváveis encontros entre pólos dicotómicos, saber-me-á, dentro e fora de consultório, um estrénuo defensor da integração do ser, a nível intrapessoal e sócio-relacional. Quem me conhece em militância a favor de uma liberdade que desconheça comércios com a bondade e a perfeição, sabe quão ardentemente defendo e defenderei, dentro e fora de consultório, a fidelidade a tudo quanto nos faça únicos/as. Estas são as premissas que fundamentam, e que sempre fundamentarão, a CresSendo. Aqui por si, para si, consigo.  

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO TERAPÊUTICO

Cada processo é de natureza gradual, tentativa e colaborativa: não existem fórmulas mágicas nem 'bolas de cristal' adivinhatórias, mas estima-se que quanto maior foi o grau de adesão do/a cliente aos desafios propostos, maior a probabilidade de se atingirem - com sucesso - os objetivos delineados. A procura de uma mudança duradoura e eficaz, apta a dispor-nos para um funcionamento mais saudável e feliz, traz a reboque a necessidade de um compromisso com a paciência, a perseverança e a disponibilidade para se arriscarem novas formas de pensar, novos hábitos de vida e novas formas de agência sobre a realidade.

O ser humano adulto trará uma história de anos, e com ela, a cristalização de certas perspetivas e atitudes, nem sempre adaptativas, cuja redimensionação exigirá um certo tempo. É avançando passo a passo, de sessão para sessão, que a subjetividade interior da pessoa se vai tornando mais organizada, e o entendimento do 'si mesmo/a' mais claro, permitindo sentimentos de bem-estar, leveza e satisfação com a vida. Nem todas as pessoas que procuram ajuda psicológica estão disponíveis para entender e aceitar a sua própria responsabilidade na gestão do que apresentam como queixa. Nem sempre há abertura e motivação para ultrapassarem a zona de conforto que alivia mas estagna. 

O tempo de cada um/a não é nunca uma coordenada pré-definida pelo terapeuta, antes co-explorada por ambos/as. A terapia deverá ser entendida como um processo leve e natural, onde o curso que a vida impõe é respeitado sem pressas e atropelos. Continue em frente. Passo a passo, de tropeção em tropeção se assim tiver de ser, descansando quando necessário. Mas sem desistir. Permita-se. 

"O psicanalista é, juntamente com o paciente, um construtor de sonhos. O que o coloca mais perto do poeta que do médico" [Brian Nosek] 

Psicólogo Clínico e da Saúde

Certificado pela EuroPsy em Psicologia Clínica e da Saúde | Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses

Faculta consultas em: Português, Inglês e Espanhol


1. A PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE


1.1. Formação, Experiência, e Certificação:

Sou Mestre em Psicologia Aplicada pela Universidade do Minho, e pós-graduado em Psicologia da Família pela Universidade Católica Portuguesa de Braga. 

No número de referências do meu percurso de formação académico-profissional, conto a realização de um ano de estudo de licenciatura ao abrigo do programa Erasmus, na Facultad de Psicologia de la Universidad de València, e a participação de quatro meses no Mestrado em Estudos Psicossociais da Birkbeck College, em Londres. Aqui tive oportunidade de conhecer e aprofundar diferentes possibilidades de compreensão acerca do funcionamento pessoal e coletivo numa ótica transcultural, a partir da fusão de distintas áreas do saber humano como sociologia, antropologia, teorias críticas, e estudos culturais. Além destes, incluo a realização de um estágio curricular na Unidade de Adultos do Serviço de Psicologia da Universidade do Minho e a integração no Grupo de Investigação de Relação Terapêutica da mesma universidade.

Sou certificado pela EuroPsy em Psicologia Clínica e da Saúde, e Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Atualmente, sito em Barcelona, exerço como psicólogo clínico e da saúde em registo online [CresSendo.On], dando consultas de psicologia a adolescentes, jovens adultxs e adultxs, em vários pontos do globo. 

Ao longo do meu percurso, tenho também planificado, organizado e dinamizado programas de desenvolvimento pessoal, artigos informativos, palestras no âmbito da Psicologia, Educação e Desenvolvimento, e projetos de interesse social e comunitário.

1.3. A Estratégia Profissional:

Em sintonia com a emergência gradual dos esforços transdisciplinares aplicados à Psicologia, e considerando a importância de uma síntese teórica que permita uma mais abrangente e profunda compreensão acerca da operacionalidade humana, nas diferentes manifestações das suas áreas funcionais, adoto na minha prática clínica uma visão holística, multifocada e integradora, baseando o meu trabalho no Modelo Multidimensional de Bem-estar, desenvolvido por Ryff (1989), e Ryff e Keyes (1995). 

Fazendo convergir os pressupostos de uma multiplicidade de diferentes formulações téoricas (e.g., a perspetiva de desenvolvimento pessoal de Erikson, a noção de tendência atualizante de Rogers, o conceito de maturidade de Allport, a perspetiva de crescimento pessoal de Jahoda, o conceito de individuação de Jung, os processos executivos da personalidade de Neugarten, e as tendências básicas de vida de Bühler), este modelo identifica seis dimensões ou componentes distintas de um funcionamento psicológico positivo, a partir dos recursos cognitivos, afetivos e emocionais que o indivíduo dispõe - a saber:

1. A aceitação de si (i.e., a atitude positiva para com o próprio, aceitando aspetos positivos e negativos do seu funcionamento); 

2. As relações positivas com os outros (i.e., a capacidade para reconhecer, expressar e regular afetos, identificando-se com os outros e estabelecendo relações de proximidade, confiança e orientação alteritária); 

3. O domínio do meio (i.e., a capacidade de gerir eficazmente a própria vida, e as exigências que esta possa apresentar, criando e mobilizando recursos oportunos à sua condição física e mental); 

  4. O crescimento pessoal (i.e., capacidade individual da atualização e realização pessoais, da abertura à experiência e do movimento contínuo e dinâmico de desenvolvimento dos próprios potenciais); 

5. Os objetivos de vida (i.e., a intencionalidade e o sentido de orientação, capacitando-se da compreensão de um propósito significativo para a vida); 

6. A autonomia (i.e., tornar-se independente, ser-se autodeterminado/a, capacitar-se de um bom autocontrolo, e a resistência a pressões externas - nomeadamente socioculturais - em prol de valores e objetivos pessoais).

1.4. A Avaliação em Contexto Psicoterapêutico:

O processo de avaliação psicológica no atendimento de crianças, adolescentes e adultos orienta-se pela aplicação de entrevistas de avaliação, objetivando a despistagem de potenciais problemáticas, e a elaboração de um diagnóstico.

Este processo implica a recolha e o confronto sistemático de informações relevantes relativas a cada caso; a identificação das áreas gerais de preocupação apresentadas no espaço intrasessões, bem como expectativas, objetivos, perceções e sentimentos individuais acerca dos problemas em questão; a análise precisa das situações problemáticas, em função de parâmetros específicos (e.g., descrição, quantificação e hierarquização do comportamento; bem como a análise funcional, incluindo a especificação de antecedentes e consequências dos comportamentos problemáticos).

De forma complementar, e sempre que necessário avaliar a qualidade das entrevistas do ponto de vista psicométrico, proceder-se-á à seleção, administração, registo e cotação de instrumentos de avaliação formais (e.g., Sistema Multiaxial de Achenbach - SCICA, CBCL, TRF, YSR; Medidas de Avaliação do DSM-5), bem como outros métodos que se mostrem úteis e pertinentes (e.g., tarefas experimentais), devidamente sensíveis e ajustados às variáveis dos clientes.

A todo o momento, o procedimento de avaliação será sustentado pela observação direta, implicando o registo narrativo e o recurso a grelhas de observação pré-elaboradas (utilizando como referência definições operacionais de comportamentos que se apresentem alvo de atenção clínica).

Em cada estádio do processo de avaliação, zelando pelo cumprimento dos princípios éticos e deontológicos reguladores da relação profissional com os clientes, procuro sempre manter uma atitude de recetividade, acolhimento e disponibilidade constantes, sem juízos de valor, defendendo uma relação de consulta psicológica abstraída de coerção ou pressão pessoal, e incentivando à expressão máxima de sentimentos, atitudes e problemas por parte do/a(s) cliente(s).

1.5. A Intervenção:

No decurso de um processo rigoroso e compreensivo de avaliação psicológica, a prática clínica progride para a elaboração de uma hipótese de trabalho, de base concetual empiricamente validada, clara, coerente, e isenta de juízos de valor, estipulando-se a sua pertinência sempre que aquela se mostrar capaz de explicar as problemáticas em causa, testar predições e ajudar o/a(s) cliente(s) a alcançar os objetivos delineados.

Daqui, avançar-se-á para a planificação e implementação de planos terapêuticos, abertos à monitorização/regulação da sua eficácia. Atendendo à diversidade de perfis da população-alvo, propor-se-á uma conjugação de diferentes quadros teóricos (e.g., TCC, Narrativo, Sistémico, Construtivista, Existencial, Humanista), sempre que passíveis de complementaridade epistemológica, no enquadramento concetual da hipótese de trabalho, adaptadas à especificidade das preocupações, expetativas, necessidades e objetivos de cada cliente.

Assume-se uma igualdade de status epistemológico com o/as clientes, sendo que à luz teórico-prática destes pressupostos, a mudança terapêutica será percebida como decorrendo não só da aplicação direta de técnicas específicas, mas também da criação de uma forma particular de relação humana, constituída como um contínuo processo colaborativo entre o terapeuta e cada cliente.


3. O ATIVISMO LGBTQIA+


O meu primeiro contributo para o trabalho de ativismo pela defesa e promoção dos direitos LGBTQIAP+ deu-se em 2013, como coorganizador e porta-voz da primeira Marcha pelos Direitos LGBT de Braga. De então a esta parte, tenho dedicado vários trabalhos interseccionais, nas fronteiras da psicologia, da arte e do erotismo, destinados à visibilização de causas afetas ao público LGBT.  

Um dos mais destacados será talvez o Arquivo Queer de Braga (Instagram: @arquivo_queer_braga) - um arquivo em formato digital, com o objetivo de resgatar, organizar e preservar a memória LGBTQI+ de Braga, trazendo representatividade e visibilidade a todas as suas identidades. O contributo de cidadãos/ãs mais velhos - e não só - é essencial para o resgate das memórias coletivas. Assim, apela-se à participação de todos/as os/as que queiram contribuir com informações sobre os seus próprios percursos LGBTQI+, em Braga e arredores, bem como obras de arte, ensaios, entrevistas, reportagens, contos, artigos de revista e jornal, que tenham sido publicados sobre a temática (preferencialmente com a indicação da fonte e data da publicação). A todo o momento é garantida a proteção da sua identidade, e negociada a confidencialidade no tratamento da informação pessoal. À medida que novas informações forem chegando, o Arquivo será devidamente actualizado. Por enquanto, e a todo o momento, fica o convite a toda a comunidade.

Pontualmente, tenho tido o prazer e o privilégio de trabalhar na equipa de redação da revista dezanove, contribuindo com a escrita de artigos.  

Do ponto de vista do atendimento psicológico, a CresSendo.On é hetero-friendly e afirma-se como um espaço inclusivo, oposto a todas as formas de discriminação relacionadas com a orientação sexual e identidade de género, bem como formas de discriminação social, cultural, étnica, política, religiosa, sexual ou etária, propondo-se como espaço seguro, confidencial, onde toda a escuta se faz sem juízos de valor, prezando cada pessoa como única e irrepetível, e zelando pelo seu máximo bem-estar e à-vontade. Junto de públicos LGBT, a prática clínica é enformada pelos princípios da psicoterapia afirmativa focada na eliminação da homofobia internalizada, e na aceitação das várias nuances da experiência da identidade sexual.

Acredito que educarmo-nos a nós próprios/as/es no sentido da autoaceitação é meio mecanismo cerebral para que a nossa singularidade se torne uma força capaz de se opor ao ódio e à intolerância; passa sempre a ser mais difícil odiar uma pessoa quando a compreendemos. No contexto de um mundo em crise, tumultuado pelo medo e pela insegurança, temos assistido ao agravamento das manifestações de racismo, de populismo, de xenofobia, de homofobia e transfobia, que diariamente atacam a democracia, o multiculturalismo, a justiça social, a tolerância, a inclusão, a igualdade entre géneros, a liberdade de expressão e o debate aberto.

Afirmando-se como estrénua defensora de valores humanistas, da solidariedade, da inclusão e do mútuo apoio, a CresSendo.On declara perentória a reprovação e distanciamento de quaisquer forças antidemocráticas, insurgindo-se contra todas as formas passíveis de invalidar os princípios da tolerância e da dignidade humanas.

Para sobrevivermos aos tempos de crise deveremos emergir mais unidos/as do que nunca, sobretudo à batuta de uma reeducação afetiva que nos leve a coconstruir uma sociedade assente na responsabilidade social, uma sociedade mais solidária e menos solitária, onde cada pessoa seja singular, mas nunca só.


4. A ATIVIDADE ARTÍSTICA


Viktor Frankl, fundador da escola da logoterapia, defendia que o sentido da vida só era passível de ser encontrado mediante uma tenaz investigação individual orientada pela questão: "o que é que eu devo fazer e que não pode ser feito por mais ninguém, absolutamente ninguém, exceto por mim mesmo/a?". Para este autor, o sentido da vida demarca e fixa, num ponto determinado do tempo e do espaço, o centro da nossa realidade pessoal, de cuja visão emerge, límpido e inexorável, mas só visível desde o interior, o dever a cumprir - o nosso sentido de missão.

A par da atividade como clínico, defino-me igualmente como criador artístico freelancer. Tendo vindo a investir em diversos campos do domínio artístico - quer de forma amadora, quer na esteira de formações específicas - sob o meu próprio labeling «Carlos Marinho - Criador Artístico», não é senão esta grata sinergia que hoje me reconhece plenamente realizado. Nem sempre, porém, o processo de conjugação das suas áreas se mostrou pacífico; com efeito, durante muito tempo, Arte e Ciência foram percebidas como antagónicas e inconciliáveis; só com os anos se viriam a completar no ofício de esclarecer, estruturar, solidificar e promover o meu próprio sentido de missão na vida. Desde cedo, muito antes da Psicologia, encontrei na aprendizagem literária e filosófica a fonte de aquisição do meu mais persistente capital linguístico; de forma concreta, tive em Wilde um mestre na arte e na estética: "Em todos os domínios da vida, é pela forma que tudo começa. Os gestos ritmados e harmoniosos da dança transmitem ao espírito, diz-nos Platão, o ritmo e a harmonia simultâneos. (...) Encontrai a expressão de um desgosto e ele se vos tornará querido. Encontrai a expressão de uma alegria e ela se vos tornará um êxtase". Se pensarmos no papel dos artistas ao longo da história, percebemos como eles atuam como comunicadores, dando voz aos sonhos e frustrações das pessoas, constituindo-se muitas vezes como a consciência da sociedade. 

Em primeira mão, deu-me a Arte a perceber que não há evolução pessoal sem o desenvolvimento de todos os canais, mecanismos e dinâmicas de expressão, que não existe vida sem criação e criação sem a possibilidade de transformação e reconstrução. Mais tarde, a Psicologia permitiu-me não só perceber-me dotado de todas as possibilidades para a minha autorrealização, e instrumentalizado internamente com todas as ferramentas necessárias para o desenvolvimento das minhas competências físicas, morais, pessoais, relacionais, sociais, intelectuais, interculturais, mas também ativá-las para ir atualizando uma versão cada vez melhor de mim mesmo. 

Hoje, olhando em retrospectiva, sei que me não sintonizaria na frequência da continuidade histórica a que digo pertencer se arte e a psicologia me não tivessem educado a experiência do existir numa determinada lógica de compreensão e ação sobre mim, sobre os outros e sobre a própria vida, me não tivessem disposto o sentido dos meus passos na esteira deste esforço de autoatualização. Pois é assim que me vejo: um work-in-progress, um perpétuo aluno que vai aprendendo a fruir cada vez melhor da vida, ciente de que fazê-lo é uma arte - ou melhor, um craft. Acredito no poder de me realizar a vários níveis, e que esses vários níveis precisam de ser expressos e realizados até ao seu máximo potencial.

DO ESTÚDIO PARA O DIVÃ

Contrariamente ao consumo passivo, ao trabalho não criativo e mecânico, "a atividade criativa supõe a produção de coisas, até aí inexistentes, supõe a presença da imaginação, através dela o homem projeta aquilo que não existe, diferente do animal que está preso no aqui e agora. A atividade criativa por si só" defende João Bucho "constitui-se como uma atividade de rebeldia, já que o criador nega o que se encontra já estabelecido, o existente, propondo algo de novo. O novo surge a partir do descontentamento com o já existente". Por isso mesmo, o ato criativo revela-se fundamental para a mudança, para a saúde física e mental. Maior criatividade conduz a maior flexibilidade e diversidade de soluções, capacidade de ver as coisas de um ponto de vista novo, isto é, a capacidade de resolver os problemas de forma inovadora, questionar toda e qualquer premissa.

É aqui, na ativação de um funcionamento divergente dirigido à resolução das necessidades do existir, que se me torna flagrante o contínuo que vai das artes aos esforços psicoterapêuticos. O pensamento criativo além de ser renovador, é exploratório e aventureiro, o próprio criador é atraído pelo desconhecido e indeterminado. O risco e a incerteza estimulam-no, fazendo recordar as palavras de Feynman aplicadas à psicologia, sobre como "para resolver qualquer problema que ainda não tenha sido resolvido é preciso deixar entreaberta a porta para o desconhecido". Por outro lado, o processo de cura pode, em muitos casos, ser entendido como o esforço de levar a pessoa a reautorar a própria vida, em tudo semelhante ao desafio que se encontra nas produções artísticas.


"Existe uma versão sua no futuro que está orgulhosa de si, por estar a enfrentar tantas coisas difíceis sem desistir" [Jonathan Marzo]


Carlos Marinho

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